quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Inventário de mim mesma

Inventário de mim mesma


Quase não reconheci
quando senti em mim
um gosto amargo
de um "adeus inevitável"
o que é isso?
Adeus inevitável?
Existe adeus evitável?
Existe aquela palavra escondida
dentro da manga como uma última
cartada que poderia ser dada
e trazer de volta toda beleza
de outrora, sem adeus...
Hoje ainda atônita faço
um inventário de mim mesma
do que sobrou...
do que resistiu ao cansaço
a dor, a tristeza
que sentimento mortal e quase
abstrato se não prestarmos
atenção é essa tal tristeza
quase imperceptivel se você joga
sobre ela uma roupa bonita
uma cara maquiada e sai
mas ela ronda, não adianta
e fica ali nos espreitando
como se a unica coisa importante
fosse ela zombando da solidão
que amorfina o coração
e dói...ah como dói
inventariar um sentimento que morreu
acabou...foi
sem deixar nada...
nada.

Rosane Silveira

** Poema feito ouvido Air - Johann Sebastian Bach

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