quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Ouvindo canções e chorando solidões

Ouvindo canções e chorando solidões

Dizer-te tudo o que já te disse
não posso mais
meu coração dói cada vez que
penso em ti

Minhas mãos tremem quando
me lembro que um dia te tive
comigo segurando as tuas mãos
e sentindo o mundo inteiro meu

Falar-te o que depois que tu te fostes
dizer-te dos momentos tristes sem
tua voz me falando de amor

Hoje aqui estou ouvindo uma musica triste
alma perdida em porquês
sem sequer saber onde estais agora

só eu e essa música que insiste em chamar
por ti e me fazer lembrar
do quanto me amou
em um passado longingüo, distante


diga-me algo que pode mudar
isso em mim, que tire essa dor
que insiste em machucar meu peito
e me levar até ti

diga-me...
antes que eu morra um pouco
em cada nota musical que agora
ouço pensando em ti.

Rosane Silveira

*poema feito ouvindo Moonlight Sonata composta por Beethoven

Inventário de mim mesma

Inventário de mim mesma


Quase não reconheci
quando senti em mim
um gosto amargo
de um "adeus inevitável"
o que é isso?
Adeus inevitável?
Existe adeus evitável?
Existe aquela palavra escondida
dentro da manga como uma última
cartada que poderia ser dada
e trazer de volta toda beleza
de outrora, sem adeus...
Hoje ainda atônita faço
um inventário de mim mesma
do que sobrou...
do que resistiu ao cansaço
a dor, a tristeza
que sentimento mortal e quase
abstrato se não prestarmos
atenção é essa tal tristeza
quase imperceptivel se você joga
sobre ela uma roupa bonita
uma cara maquiada e sai
mas ela ronda, não adianta
e fica ali nos espreitando
como se a unica coisa importante
fosse ela zombando da solidão
que amorfina o coração
e dói...ah como dói
inventariar um sentimento que morreu
acabou...foi
sem deixar nada...
nada.

Rosane Silveira

** Poema feito ouvido Air - Johann Sebastian Bach

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Cansaço


E então a alma cansada
de tanto vagar se encosta na soleira
da porta da esperança

e num sussurro brando em dor
pede por ajuda tão somente
ansiando por um último gole de amor

e sorvendo pouco a pouco cada gole
a alma se refaz novamente
para mais um golpe

e assim é a vida todos os dias
vamos aos poucos
curando as feridas

saciando a sede de alegrias
e num suspiro sofrido
com sentimento doído

a alma começa de novo a vagar
esperando tão somente
o amor encontrar.

Rosane Silveira

Amores rasgados

Amores rasgados
em prantos machucados
foi tudo o que restou
de um grande amor
palavras de mesuras
algumas outras frescuras
de quem se encontra
por acaso e não tem
o que dizer, depois
que um grande amor
deixou esmorecer
gritos silenciosos
ecoam pelos cantos
e assim vamos indo
eu e você
sem palavras, apenas
risos amarelos
depois que nosso amor
de tanto morrer aos poucos
desfaleceu.



Rosane Silveira
Louca sanidade

Angustia-me hoje e enlouquece-me
a sensação angustiante de deixar-te
balbucio palavras surdas
a ouvidos mudos
ando estaticamente pelos cantos
da minha redonda vida
vislumbro hoje uma noite
com sol escaldante
amanhã bem sei que o luar
estará lindo pela manhã
Já ouvi dizer que cairá chuvas
de pétalas de rosas
e os jardins estarão floridos
de gotas de chuvas
aquele piano que tu tocavas
todas as cordas arrebentaram
não toca mais as melodias
que teus olhos proferiam
a rua agora está vazia
cheia de gente que não tem
para onde ir anda de um lado
para o outro de costas
sabe aquele gato que latia
o cachorro miou atrás dele
até que fosse embora
ahhh como agora o silencio grita
no romper da aurora
e os sonhos que agora sonho acordada...
são páginas viradas de um livro
sem letras e sem páginas
apenas eu e a louca sanidade
escrevem sem sentidos palavras
que mascaram a dor de te perder


Rosane Silveira